A ocupação Dandara é uma experiência que conjuga a luta popular pela moradia digna e o direito à produção e alimentação saudável nos grandes centros urbanos. Ela se iniciou em abril de 2009 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.
Minas Gerais está localizada no sudeste do Brasil, uma das regiões mais antigas e populosas do país. A história do Estado é marcada pela extração de ouro e de metais preciosos, pelas grandes fazendas de leite e café, pela longa duração da escravidão e também por importantes revoltas e insurgências independentistas como a luta dos quilombos e a inconfidência mineira. A ocupação Dandara é herdeira dessa história de luta pela liberdade do nosso povo que, nesse caso, se conecta diretamente ao acesso à terra, sistematicamente negado à população negra e pobre.
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Os moradores de Dandara, assim como dezenas de famílias que lutam pela terra urbana costumam, dizer que quanto morar é um privilégio, ocupar torna-se um direito. De fato, coube aos pobres ocuparem terras de menor interesse nas periferias das cidades, onde autoconstruíam suas casas conforme suas possibilidades e necessidades.
CLASSIFICAÇÃO DO CASO
No dia 09 de abril de 2009 a ocupação Dandara surgiu como uma ação coletiva das Brigadas Populares, do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e do Fórum de Moradia do Barreiro, que organizaram junto a um grupo de 150 famílias uma proposta de ocupação rururbana, que articulasse as dimensões da moradia e da agricultura urbana e periurbana.
O projeto inicial de ocupação, que foi pensado e planejado durante o ano que antecedeu a tomada da terra, visava construir um grande cinturão agrícola na Dandara conjugado com casas de cento e cinqüenta famílias. O projeto articulava movimentos e pautas da reforma urbana e da reforma agrária e o lema da ocupação foi definido como “Enquanto o campo e a cidade se unir, Dandara irá resistir”.
A luta da ocupação Dandara se deu em torno do acesso à terra, à legitimidade da ocupação, à construção de laços sociais e à apropriação coletiva do espaço como fator central no processo de implementação da Agricultura Urbana e Periurbana –tanto na escala de hortas nos quintais das residências, ao cultivo de diferentes alimentos em áreas de uso e acesso comunitário. Hoje a comunidade é absolutamente consolidada e reconhecida pela cidade e luta pela titulação definitiva da terra e pelas políticas públicas que garantam a efetivação desse projeto coletivo.