Da dureza do diamante à leveza do maroba
A comunidade do Maroba dos Teixeiras deve sua gênese à um grupo de trabalhadores decididos a se rebelar das condições desumanas de escravidão e trilhar seu próprio destino. Escravizados em Diamantina, município do estado de Minas Gerais famoso pela extração de pedras preciosas, sobretudo diamantes, decidiram colocar o pé no mundo abandonando a dureza do diamante e da vida. Depois de vários dias de caminhada na mata fechada e com os pés descalços, enfrentando todas as adversidades e encontros com animais selvagens da região, o casal João Teixeira de Souza e Ana Maria de Jesus encontraram a leveza dos córregos próximos ao Rio Jequitinhonha, carregados de marobás, peixe bonito e colorido que dá nome a região.
Era 1870 e o grupo pode finalmente exercer sua liberdade, mesmo que escondidos, cultivando a terra que foi denominada por eles como Rancho Grande. Nela fizeram as primeiras benfeitorias e produziram alimentos para subsistência do grupo, principalmente o feijão. Uma parte das terras já era habitadas por inúmeros coelhos que comiam toda a produção, o que fez necessária a divisão das terras para melhorar o cultivo e a harmonia entre os Teixeiras e a biodiversidade local, assim foi criada a região de Feijoal e de Coelhos.
Depois, percebendo a seca do Feijoal, partiram para fazer uma ocupação efetiva da região dos córregos do Marobá. Isso não significou o abandono da primeira área, que continuou ocupada com construções e lavouras, mas um incremento da ocupação com novas casas, cercados para animais e maior acesso à água.
João Teixeira é lembrado como herói pela comunidade, ele além de ter construído o quilombo com sua família e parentes foi responsável pela introdução do plantio de cacau na região. Este seria seu último legado: em 1899, depois de ter pego as sementes no Sul da Bahia para iniciar o plantio e estar preparando o solo para a chegada do fruto, o patriarca adoeceu e em seguida veio a falecer.
A família Teixeira deu continuidade à ocupação do território e especialmente Antônio Teixeira de Souza, um dos filhos de João, ocupou-se do cultivo de alimentos e da criação de animais na extensão do território. Antônio começou a viver com Maria Ferreira em Feijoal e o casal teve duas filhas: Ana e Josefa. Em 1910, aos 33 anos, Antônio casou-se com Carlota Adelaide de Jesus com quem teve sete filhos: Etelvina, Laudelina, Delorina, Clemencia, Orlindo, Amarantino e Ervílio. Com isso, Maria Ferreira passou a viver em uma parte do feijoal chamada Córrego de Areia, assumindo o protagonismo na ocupação nessa parte do território. Antônio vivia com Carlota na fazenda Marobá, mas costumava fazia deslocamentos frequentes ao Feijoal para levar mantimentos e intercambiar produções, até a morte de Maria. Entretanto, as descendentes de Maria continuaram a viver lá.
Em Maroba, a comunidade desenvolveu o cultivo do cacau que frutificou e se constituiu na primeira atividade comercial do quilombo, gerando recursos para investir na ocupação. No auge da produção foram colhidos cem mil pés de cacau que eram secados na comunidade e vendidos por tropeiros e mascates no Sul da Bahia ou na extensão do rio Jequitinhonha.
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