O Povo Pataxó vive no extremo sul da Bahia, no nordeste do Brasil, distribuídos em cerca de trinta aldeias nos municípios de Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália, Prado, Itamaraju. Há ainda três aldeias no município de Carmesim, e outras três nos municípios de Araçuaí, Açucena e Itapecerica em Minas Gerais. A comunidade em questão vive na subaldeia Xandó pertencente à aldeia-mãe de Barra Velha.
A natureza da região é, há muito tempo, foco de madeireiros, fazendeiros, entre outros exploradores. A terra é disputada por indígenas, campesinos locais e a agroindústria. Esta região é historicamente conhecida por produzir coco e caju. Hoje a base da economia é o turismo. Porém o reflorestamento com o eucalipto, a pecuária, o comércio e os serviços são considerados importante para manter os fluxos econômicos o ano inteiro.
A doação territorial inicial efetuada pelo Estado brasileiro determinou 8626 hectares de reserva natural para os índios Pataxó e 52 hectares foram deixados em processo de demarcação. Em 1943, a área passou a ser protegida com o nome de Monumento Monte Pascoal e, em 1961, foi transformada em parque nacional. A área do parque é compartilhada com a reserva indígena, território dos Pataxó.
Um caso de massacre, retomada de terras e resgate cultural
O povo Pataxó vivia tradicionalmente em bandos seminômades, entre as bacias dos rios João Tiba e São Mateus, ao sul, e Pardo e Contas, ao norte, convivendo com outras etnias. A expansão agrícola brasileira os alcançou em vários períodos históricas de forma violenta. Os Pataxó se mantiveram relativamente isolados da sociedade nacional por muito tempo vivendo no sul da Bahia desde o aldeamento forçado na atual Aldeia de Barra Velha em 1861. Os Pataxó lutam para permanecer neste local, onde o seu isolamento vem sendo crescentemente rompido. (...)
A resistência do povo Pataxó é caracterizada, principalmente, pelo fato de terem se mantido na região, apesar de tudo. Muitos migraram para outras regiões, outros se integraram vivendo uma vida urbana, mas os que ficaram resistem e lutam pelos seus direitos. A Luta é representada por alguns índios muito ativos na política e no movimento indígena. O resgate da cultura se dá através de escolas locais, rituais regulares, contato com a natureza, e também, pelo incentivo ao orgulho indígena. Pode-se dizer que a resistência é feita de forma passiva, pois a repressão também é espontânea, informal e às vezes passiva – da parte das autoridades estatais, empresários e fazendeiros. O preconceito é um exemplo de uma repressão constante e invisível, sentida por muitos, mas discutida por poucos. Uma repressão ativa e violenta seria a queima de casas de palha, a invasão de terras, até o assassinato de índios. Sobre a resistência a esses atos se tem pouca informação. Mas seguir vivendo nessas terras apesar do medo é uma grande resistência.