Características culturais e demográficas da população
Sobre os Quilombolas
A origem dos quilombos relaciona-se com o processo de resistência ao regime de escravidão de afrodescendentes que vigorou no Brasil por 300 anos, entre os séculos XVI e XIX. Tais grupos foram formados a partir de uma grande diversidade de processos e estratégias de resistência à opressão: as fugas com ocupação de terras livres; o recebimento de terras por herança, doação ou como pagamento de serviços prestados ao Estado; a compra de terras; ou ainda, a permanência nas áreas que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades.
A abolição da escravidão em 1888 não significou o fim de tais grupos sociais que permaneceram e resistiram em suas terras, ignorados pelo Estado brasileiro e invisíveis à sociedade.
Os quilombos estão distribuídas por todas as regiões do País, ocupando biomas bastante diversos. Na sua maioria encontram-se na zona rural, mas existem também grupos localizados em área urbana. No estado de São Paulo, além de Ivaporunduva existem outros 48 quilombos em processo de titulação pelo governo federal e outras cinco que contam com suas terras tituladas.
A fundação do quilombo de Ivaporunduva remete ao século XVIII, com a chegada de Joanna Maria que ali adquiriu propriedades. Joanna faleceu em 1802, deixando seus escravos livres e herdeiros de suas terras, e suas posses integradas ao patrimônio da capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (construída pelos escravos de sua fazenda). Desde então, os quilombolas de Ivaporunduva vêm resistindo contra uma série de ameaças, tais como a construção de barragens ou a invasão de terceiros em seu território.
População em Ivaporunduva
O território quilombola de Ivaporunduva conta com cerca de 82 famílias, que mantém entre si relações de vizinhança, parentesco e compadrio. Também possuem relações de parentesco e ancestralidade comum a diversos habitantes das outras comunidades quilombolas existentes na região.
Atividades econômicas e culturais
Os quilombolas de Ivaporunduva têm como principais fontes de geração de renda a produção e comercialização de banana e o turismo étnico-cultural.
No que diz respeito ao turismo étnico-cultural realizado dentro do território quilombola, Benedito Alves da Silva que recebe grupos de escolas explica o processo de consolidação desta atividade entre os quilombolas de Ivaporunduva:
“Planejamos o turismo étnico cultural. A gente fez uma pesquisa e descobriu que não existia esse turismo no Brasil e no mundo. [...] A nossa história que a gente queria divulgar. Porque a história do negro quilombola no Brasil não foi contada. [...] A verdadeira história dentro do quilombo precisa ser contada. A gente começou a querer trabalhar isso com os alunos. E a gente definiu então que queria trabalhar só com escola, não com grupos, por exemplo. [...] Vem vindo num processo crescente e hoje a gente teve por obrigação abrir não só paras escolas, mas para outro tipo de público.”
A religião predominante em Ivaporunduva é o catolicismo, e a principal festa católica realizada no quilombo é a de Nossa Senhora de Rosário dos Homens Pretos, padroeira da comunidade. A capela de Nossa Senhora de Rosário dos Homens Pretos foi construída pelos antepassados dos atuais quilombolas de Ivaporunduva, quando ainda eram escravos de Joanna Maria.