Antes da conquista da terra, as famílias trabalhavam em terras de grandes fazendeiros regime de parceria. Os parceleiros eram explorados, vigiados, dependiam do dono da terra para quase tudo, e havia uma perseguição política histórica sobre as famílias e comunidades. Havia então uma dependência econômica e política muito forte.
A partir da luta sindical e religiosa nasce o grupo de luta pela terra e incide via SINTRAF – Sindicato da categoria. Este grupo é composto por 21 (vinte uma) famílias que desejam ter sua terra e ficar livres das ordens, exploração e perseguição políticas dos coronéis. A maioria das famílias eram do município de Espera Feliz, exceto duas famílias que vieram do município vizinho de Divino.
Inspirados na luta do povo de Deus, na busca da terra prometida, em 2.006 as famílias iniciam as mobilizações com apoio do Sindicato, mandato coletivo do Deputado Estadual Pe. João Carlos do PT, vereador Milton e do PT local. As famílias se uniram para o sonho da conquista de um pedaço de chão, começaram a visitar e conhecer algumas experiências de luta e conquistas de terras. A opção do grupo foi pela compra da terra pelo Crédito Fundiário. Nesse processo um dos maiores desafios era achar uma terra para comprar e depois ter a credibilidade para comprar, ou seja, firmar contrato de compra e venda. Achar um fazendeiro que vendesse a sua fazenda para um grupo de parceleiros. Conta o Sr. Itamar, um dos assentados, que na época da compra da terra, teve que ter a intermediação do Coordenador do MDA- Ministério do Desenvolvimento Agrário, na época Rogério Correa, hoje Deputado Federal pelo Partidos dos Trabalhadores, pois o fazendeiro não acreditava na possibilidade da efetiva compra da terra.
Essa compra só se concretizou pelo Programa do Crédito Fundiário. O Programa possibilitou a compra da terra coletiva que deu origem ao assentamento Pe. Jésus, em espera Feliz. Essa luta organizada com uma burocracia terrível demorou dois anos para organizar toda papelada. Em 2.007 o projeto foi enviado ao MDA. Isso significava um primeiro passo da conquista, pois não foi fácil organizar documentação de cada família, cada pessoa que se candidatava a compra tinha que ter pelo menos 5 anos de contrato agrícola para entrar no projeto. Esse processo foi trabalhoso, primeiro formou um grupo informal, daí foi selecionando, cadastrando, organizando os documentos, o coletivo tinha que acreditar no projeto e enfrentar todos os desafios. O Projeto fora aprovado em 2009. Para ser aprovado a proposta passava pelo CMDRS - Conselho de Desenvolvimento Rural do Estado, depois pela Câmara Técnica. Isso implicou em várias idas a Belo Horizonte em reuniões e diálogos, participação das famílias envolvidas e um empenho louvável da direção do SINTRAF.
Em 2.010 as famílias celebram, no assentamento, com muita alegria a conquista da terra, com entrega da placa do assentamento e bênção do Pe. Edmilson, hoje no Parná. Para facilitar as lutas de forma mais eficaz e eficiente as famílias se organizam e criaram a Associação dos Agricultores (as) Familiares do Assentamento Padre Jésus, denominada CONTERRA em 2.011.
Após a conquista da terra veio outros desafios, como a construção das casas. Não havia Habitação Rural. Agora tem a terra, mas não tem as casas. Inicia-se uma luta para garantir recursos para Habitação Rural. Essa conquista se concretiza em 2.012. Esse grupo de famílias foi pioneiro nessa política para Habitação Rural. As famílias não param se organizam para colocar luz no assentamento, mais uma conquista significativa consolidada em 2.014.
Nesse processo de luta e conquista construíram 17 casas, uma Igreja Evangélica e uma Católica onde reina o respeito as crenças no Deus da Vida. Existe uma área coletiva, onde era a antiga sede da Fazenda, que serve para festejos comunitários. Um terreiro de café e uma campo de futebol. Há um sonho de construção de uma EFA – Escola Família Agrícola, para os jovens da comunidade.