No município de Salto da Divisa, como registrado acima, há uma grande concentração de terras e poder que é exercido por poucos latifundiários. Muitos terrenos na região não cumprem uma função social ou são tomados pela cultura do eucalipto que também é chamada de “desertos verdes” pelo dano ao meio ambiente que geram.
O chamado “coronelismo” na região é uma realidade e pode ser definido como um sistema em que o poder político e econômico está concentrado nas mãos de poucas pessoas que o usam somente em benefício próprio. Tal configuração acaba por agravar a pobreza com a consequente exclusão social de amplos setores sociais na localidade.
Em função desse cenário de desigualdade social o MST organizou dezenas de famílias em torno da ocupação da Manga do Gustavo, terra grilada do Estado, e da Fazenda Monte Cristo, com a pauta reivindicatória da desapropriação para fins de Reforma Agrária. Tais fazendas eram de propriedade de famílias tradicionais e que compõem o sistema de coronelismo na região.
Havia um processo de desapropriação do imóvel objeto do conflito em curso no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-Minas Gerais), mas tramitava com morosidade por parte do Poder Público em efetivar a desapropriação em que pese o fato de já haver à época um laudo técnico declarando a improdutividade da Fazenda Monte Cristo. Diante da inércia do INCRA as famílias organizadas pelo MST decidiram tomar os rumos de sua provia história nas mãos e construir com luta e resistência a história da Reforma Agrária no Brasil.
Instalou-se por consequência um grande conflito entre os ditos proprietários das terras e os moradores do Dom Luciano a ponto de “capangas”, pessoas ligadas aos donos da Fazenda Monte Cristo, atearem fogo nos arredores do assentamento como forma de impor o medo à comunidade. Mas os ocupantes não se deixaram intimidar e foram averiguar quem tinha feito tal ato e quando a Polícia Militar chegou ao local não atuou com a devida diligência e agiu no sentido de criminalizar os moradores do acampamento.
Nesse contexto, de acirramento da luta importantes sujeitos políticos que atuam na comunidade começaram a sofrer ameaças de morte pessoalmente ou por telefone como a irmã Geraldinha e militantes do MST. As autoridades públicas ao invés de garantir a proteção dos envolvidos acabaram por abertamente criminalizar a luta em uma tomada de posição em favor dos ditos donos da Fazenda Monte Cristo.