O assentamento Dom Luciano Mendes é resultado da luta de famílias sem-terra, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que ocupam uma fazenda de 1.348,1819 hectares até então considerada terra devoluta, grilada por fazendeiros na cidade de Salto da Divisa. Ele alia a luta pela terra, organização popular, e, também, a dimensão da produção sustentável.
Salto da Divisa é uma pequena cidade brasileira localizada no Estado de Minas Gerais, região Sudeste do Brasil. Com pouco mais de 7.000 (sete mil) habitantes o município se localiza na região do Vale do Jequitinhonha, banhado pelo rio de mesmo nome, fronteira com o Estado da Bahia. O Assentamento Dom Luciano Mendes é o primeiro assentamento em um município onde aproximadamente 73% das terras são devolutas e onde duas famílias controlam 97,5% do território.
A região onde está hoje Salto da Divisa foi palco de incursões bandeirantes no século XVI. As chamadas entradas e bandeiras foram utilizadas no Brasil como forma de descoberta de riquezas naturais, escravização de populações indígenas e reconhecimento territorial. Mas somente no século XIX é que a região foi de fato habitada em torno da navegação realizada no rio Jequitinhonha que hoje sofre com os impactos da instalação de uma hidrelétrica que além de gerar impactos ambientais afetou as relações de trabalhadores que viviam da economia do rio.
Classificação do caso
Na madrugada do dia 26 de agosto de 2006, em Salto da Divisa, MG, várias famílias sem-terra resolveram tomar as rédeas de suas próprias vidas nas mãos e ocuparam uma fazenda ociosa, a Manga do Gustavo, fincando a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Sem- Terra (MST).
O acampamento Dom Luciano é uma experiência promissora de luta pela terra que resultou na conquista de dois assentamentos da reforma agrária: o Assentamento Dom Luciano Mendes e o Assentamento Irmã Geraldinha. O primeiro foi inaugurado em 22 de outubro de 2014, quando 25 famílias do acampamento foram assentadas na fazenda Monte Cristo, enfim desapropriada pelo governo federal como se verá adiante. O segundo, em fevereiro de 2016 quando a fazenda Manga do Gustavo, terra devoluta do Estado, foi desapropriada pelo Estado de Minas Gerais, sendo destinada para o reassentamento de 36 famílias de ribeirinhos e acampados da luta pela reforma agrária no município.