A origem dos quilombos relaciona-se com o processo de resistência ao regime de escravidão de afrodescendentes que vigorou no Brasil por 300 anos, entre os séculos XVI e XIX. Tais grupos foram formados a partir de uma grande diversidade de processos e estratégias de resistência à opressão: as fugas com ocupação de terras livres; o recebimento de terras por herança, doação ou como pagamento de serviços prestados ao Estado; a compra de terras; ou ainda, a permanência nas áreas que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades. (...)
A origem do quilombo de Macapazinho remonta a outra comunidade, Boa Vista do Itá. Contam os mais velhos que três famílias deixaram a comunidade, localizada na beira do Igarapé Itá, braço do rio Caraparú, e ocuparam suas margens opostas. E, nas primeiras décadas do século XX, partiram para uma segunda migração, floresta adentro, em busca de terras melhores para plantio, rumo à localidade onde hoje está situada a comunidade de Macapazinho (Moraes, 2012:56; Trindade e Nogueira, 2000).
Os quilombolas de Macapazinho possuem estreitas relações de parentesco com os moradores de Boa Vista do Itá, mantendo, ambos os grupos quilombolas, fortes vínculos entre si.
A principal atividade econômica de Macapazinho é o comércio dos produtos oriundos da agricultura familiar realizada pelos quilombolas.
Uma variedade de produtos é cultivada pelos moradores, tais como coco, pimenta do reino, mandioca, cupuaçu, açaí, pupunha e hortaliças. A pimenta do reino é comercializada na própria comunidade, onde é comprada por atravessadores (intermediários). Já os demais produtos, além do tucupi e da farinha – produzidos da mandioca – são comercializados em uma feira de produtores rurais do município de Santa Izabel e, principalmente, no mercado Ver-O-Peso, em Belém.
Inaugurado em 1901, o Ver-O-Peso é um dos principais pontos de referência da cidade de Belém, além de ser considerada a maior feira ao ar livre da América Latina. Os quilombolas do entorno de Belém vendem seus produtos no Ver-O-Peso desde as origens desse ponto de comércio, há mais de um século.