As famílas Sem Terras que ocuparam o Engenho Prado eram nascidas no campo. Seus pais e mães nasceram nos engenhos da região e eram moradores e moradoras dos sítios, que trabalharam na agricultura e/ou cortavam cana para as Usinas. A lógica que rege o monocultivo da cana-de-açúcar é da seguinte forma: por necessidade de expandir suas atividades, a Usina (unidade industrial que processa o açúcar e o alcool e detém as terras) destruia os Engenhos (unidade produtiva da cana-deaçúcar) e concentrava suas terras, que por sua vez, destruiam os sítios dos moradores que e concentravam suas terras, que por consequência, iam morar nas periferias das cidades, ou nas “pontas de ruas”, como os trabalhadores e trabalhadoras costumam chamar. Essa lógica de expulsão das famílias do campo, transformava as famílias em sem terra e garantia para as Usinas uma exedente de mão de obra barata, além de concentrar todas as terras.
Nos engenhos além da ameaçã permanente de expulsão o trabalho era muito extenuante, precário, análogo ao trabalho escravo. Cláudio, camponês vindo da Região Agreste, pode, da pior forma, vivenciar o trabalho nos canaviais.
“Sou de um Sítio em Bom Jardim. É uma vida sofrida na terra dos outros, mas estou sempre na agricultura. É minha opção de vida. Vim para a Zona da Mata e com 22 anos fui escravo na Usina São José. Isso foi em 1988. Trabalhei, fui humilhado. Ainda hoje sou revoltado com a humilhação que sofri” (Cláudio da Silva).