A comunidade acredita que com o Relatório Técnico Antropológico, a Identificação e Delimitação do Território abrandaria a migração, minimizaria as ameaças de expansão do agronegócio e melhoraria a administração do território a partir dos próprios costumes e práticas culturais. Toda área está bem protegida, mas as regulamentações aplicadas pelo PARNA e pela APA excluem, muitas vezes, os moradores da comunidade do processo.
Hoje, a comunidade sustenta a unidade da organização através do uso comum do espaço, do turismo comunitário, políticas sociais, mutirões, práticas culturais, pesca e pequena agricultura. Muitos produtos da agricultura e da pesca é entregue nos restaurantes e/ou vendida na feira Livre de Lençóis.
A comunidade tem um vasto conhecimento da natureza, dos ecossistemas locais, assim como os fatores ambientais que influenciam a distribuição e a abundância dos recursos, é fundamental na definição das estratégias de pesca, caça e coleta, que implicam escalas (espaciais e temporais) e instrumentos. Os pescadores consultados em uma pesquisa (gráfico abaixo) conhecem, com detalhes, a distribuição espacial dos peixes, pelo menos no que se refere às vinte espécies de valor utilitário, as quais são classificadas como: “peixes do rio” (o pira, o piau, o uiú, o peixe-cachorro, o cumbá, a crumatá, a sabarona e a traíra cabeça-fina; “peixes que preferem a lagoa mas também andam no rio” (o apanhari, a traíra cabeça-de-lama, o jundiá, o corró-branco e o corró-preto); “peixes tanto do rio quanto da lagoa” (referindo-se à maior plasticidade na ocupação de ambientes, exibida por peixes como: a piranha, o tucunaré, as piabas, o peixe-cobra, a matrinchã e o carí).
O gráfico abaixo, define ao longo do ciclo anual, duas estações bem definidas, fenômenos bióticos relacionados à fauna e à flora que se estruturam de forma dinâmica.
Calendário anual das atividades produtivas, reprodutivas e bióticas.
A educação tem um papel importante na valorização cultural e na prática da capoeira em parceria com o projeto Grão de Luz e Griô. Mas, tudo isso está ameaçado com a expansão do Agronegócio, principalmente as monoculturas nos rios Utinga e Santo Antônio, principais afluentes que abastecem os lagos de Marimbus e define o modo de vida das comunidades quilombolas no entorno da APA, inclusive Remanso. Preocupados com a situação, os moradores se articula com os movimentos sociais, ambientalistas e pesquisadores em torno dos eminentes conflitos pela água. Os conflitos pela água é mais uma faceta dos conflitos agrários que se renovam com o rentismo no campo e a especulação dos recursos naturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS