A criação de um corredor de oito milhões de hectares de áreas protegidas no Médio Xingu, na chamada Terra do Meio, no Pará, é uma das conquistas do movimento socioambiental na Amazônia e exemplo de ordenamento territorial na região, contemplando os interesses e direitos das populações locais, especialmente os das comunidades ribeirinhas.
As Reservas Extrativistas (Resex) presentes no corredor garantem legalmente a conservação dos recursos naturais, as atividades econômicas e a posse coletiva da terra das populações tradicionais (seringueiros, castanheiros, babaçueiros, caiçaras, sertanejos etc). A regularização fundiária propiciada por esse tipo de UC de uso sustentável facilita o acesso ao financiamento agrícola, programas de segurança alimentar e investimentos na produção.
A Terra do Meio tem mais de 90% de seu território ainda bem conservado, mas sofre com o avanço da fronteira agrícola e um intenso conflito fundiário que envolve desde as comunidades locais e fazendeiros até poderosos grupos econômicos nacionais. A área é alvo de grileiros, pistoleiros, garimpos e madeireiras ilegais por causa de seus imensos estoques de madeiras-de-lei, minérios, terras públicas e devolutas.
Trata-se de uma região de baixa densidade populacional e isolada, mas que serviu durante quase um século à extração e produção de látex natural, a seringa. A exploração deste recurso nativo, a partir do final do século XIX, foi um dos grandes fenômenos de produção nacional.