A organização social no Assentamento: Habitar, Comer, Cuidar, Conviver
O Assentamento Contestado é, portanto, uma proposta que busca construir alternativas reais à estrutura social, agrária e agrícola, uma verdadeira experiência inspiradora de acesso à terra, onde a vida figura como princípio fundamental, articulada nas formas de habitar, comer, cuidar e conviver.
Nesse contexto, a existência de espaços comuns é característica dos princípios da vida em comunidade e engloba as dimensões do conviver e do habitar. Na frente do Assentamento, próximo ao refeitório, há um espaço em comum utilizado para variados fins
A Educação tem papel central no assentamento Contestado. Há três espaços no assentamento destinados à educação que constituem a rede de escolas do Contestado: a Ciranda Curupira, as Escolas Municipal e Estadual, correspondentes ao Ensino Básico, e a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA).
A Ciranda Curupira infantil é uma iniciativa local destinada às crianças menores, onde participam de um espaço que envolve brincadeiras, musicalidade e cuidado. A lida com a terra tem seu papel na ciranda, onde são realizadas atividades nas hortas medicinais. As crianças se envolvem com a terra trabalhando o sentido da relação com a natureza, através do cuidado com a terra e com a gente da terra.
A escola de Ensino Básico é constituída pela Escola Municipal do Campo Contestado e Colégio Estadual do Campo Contestado, e destinada às crianças mais velhas, onde partilham de base curricular convencional e Educação do Campo, com a continuação das práticas de cuidado com a terra. Além das crianças, a Educação de Jovens e Adultos permite que muitos assentados que, porventura, tiveram seu processo de educação escolar interrompido pelas vicissitudes da vida, possam voltar a estudar. A implementação das escolas é expressão da vontade política dos camponeses e das camponesas do Contestado para garantir a educação pública no campo.
Nesse sentido, o contexto da construção da ELAA é caracterizado pela interação entre os movimentos sociais e a Via Campesina, com o entendimento da importância da agroecologia e da formação em agroecologia, dando consequência à decisão política tomada no Fórum Social Mundial de 2005. O protocolo de intenções lá desenvolvido previa a criação de redes de escolas de agroecologia na América Latina.