Fuente: Leonardo Fernandes Brasil de Fato | https://bit.ly/2ECQgHy
A comuna El Maizal, que fica localizada entre os estados Lara e Carabobo, no noroeste da Venezuela, conseguiu garantir a comida no prato de centenas de famílias venezuelanas, em meio a fortes adversidades, provocadas fundamentalmente pela chamada “guerra econômica”. A comuneira Luismar López conta como em uma década de atividade produtiva, eles conseguiram apresentar novos horizontes para a produção agrícola do país.
:: O que está acontecendo na Venezuela? ::
"No aspecto organizativo da produção de alimentos, nós temos produzido o milho branco [base da alimentação venezuelana, usada para fazer as arepas]. No dia 5 de março nós vamos cumprir o décimo aniversário desse lugar, onde Chávez foi e garantiu que as terras fossem propriedade do povo organizado, dos camponeses. E aqui estamos, lutando por isso, levantando essa forma organizativa de autogoverno”, diz López, sobre as centenas de hectares de terras ocupadas pela comuna.
A alta do preço do petróleo nos anos 2000 e início dos 2010, fez com que o "ouro negro" representasse nos últimos anos cerca de 90% das exportações do país. Com isso, a atividade industrial e agrícola passou a ser pouco rentável e a produção de itens de subsistência caiu drasticamente, tornando a Venezuela um país dependente da importação de itens de primeira necessidade. Com a baixa do preço do barril do petróleo nos últimos anos e o bloqueio e o boicote econômico promovido pelos EUA, a economia colapsou e os trabalhadores rurais começaram a construir modelos de produção e gestão produtiva que tentam transformar a matriz econômica do país e garantir a soberania alimentar.
“Estamos em meio às adversidades, não podemos negar. Estamos passando por uma conjuntura histórica de um bloqueio internacional. No entanto, na comuna El Maizal, já são dez anos de luta produtiva. Iniciamos com 250 toneladas de feijão, mas temos avançado na produção de milho e neste momento já temos 1800 hectares de milho, além de uma horta onde produzimos diversos produtos, como pimentão, cebolinha, coentro, pimenta, berinjela, uma grande quantidade de ingredientes que fazem parte do nosso plano de crescimento e desenvolvimento econômico”.
Trabalhadores da comuna El Maizal, presentes na Assembleia Internacional dos Povos. (Foto: José Eduardo Bernardes)
José Osorio, membro da Plataforma de Luta Camponesa, explica como o bloqueio internacional ao comércio tem impactado a produção de alimentos no país, que vinha avançando a partir da aprovação da lei de terras ainda no começo dos anos 2000.
“Neste momento, temos bloqueadas certas coisas que são necessárias para seguir desenvolvendo nosso projeto agrário. Existem insumos que são importados e que agora nos privam de poder contar com eles”.
Frente às adversidades, Osorio destaca que o movimento camponês, com o apoio do governo revolucionário, tem desenvolvido alternativas sustentáveis de produção, buscando criar alternativas.
“Este é um país abençoado. Temos grandes extensões de terras que não precisam de uma grande quantidade de insumos agrícolas. E agora, com o desenvolvimento promovido por Chávez de produtos agroecológicos, então nós podemos desenvolver esses produtos”.
Assembleia dos Povos
Frente ao agravamento da pressão internacional contra o país, é realizada em Caracas a Assembleia Internacional dos Povos, reunindo mais de 500 representantes de 87 países de todo o mundo. O que segundo Osório, representa, mais que a esperança da vitória, um aviso aos “impérios do mundo” sobre a disposição e capacidade de luta do povo organizado.
A Assembleia Internacional dos Povos acontece desde o último domingo (24) até a quarta-feira (27) na capital venezuelana.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira