Fonte: Insurgência (YouTube)
Este documentário foi realizado dentro dessa grande manifestação no 11 de novembro de 2017 contra a omissão do poder público diante da exploração de água pelo agronegócio no oeste baiano. Em meio a marcha, pessoas de todas as idades traziam palavras que chamam a atenção: "não somos terroristas". Uma reação à forma como a mídia repercutiu o ato realizado na semana anterior que destruiu instalações de captação de água e irrigação de 2 fazendas na região. Para os manifestantes a instalação dessas fazendas é o fim do Rio Arrojado do qual dependem diretamente para produzir e viver. Enquanto os ruralistas, setores do Estado e da grande mídia tentam criminalizar a manifestação, a população não tem outra alternativa. Desde a década de 70 que as violações de direitos vem sendo denunciadas. Em 2000, populares entupiram um canal que pretendia desviar as águas do mesmo rio Arrojado. O canto fúnebre das “Alimentadeiras de Alma”, antiga tradição religiosa de rezar pelos mortos, passou a ser realizado para chamar a atenção para a morte das nascentes e rios às centenas na região. Romarias com milhares de pessoas vêm sendo feitas nos últimos anos em cidades da região em protesto contra a destruição dos Cerrados. E em 2015 uma grande manifestação tentou impedir a outorga de água para o agronegócio e foi totalmente ignorada pelo órgão ambiental da Bahia que autorizou a exploração de 183 mil metros cúbicos/dia a apenas duas fazendas. Este volume de água retirada equivale a mais de 106 milhões de litros diários, suficientes para abastecer por dia mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na região do Semiárido. Agrava-se a situação ao se considerar a crise hídrica do rio São Francisco, quando neste momento a barragem de Sobradinho, considerada o “coração artificial” do Rio, encontra-se com o volume útil de 2,84 %. A água consumida pela população de Correntina aproximadamente 3 milhões de litros por dia, equivale a apenas 2,8% da vazão retirada pela referida fazenda do rio Arrojado.
¡A água é para a vida, não para a morte!